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Pensamentos e Reflexões

terça-feira, 10 de agosto de 2021

Muito EU



Cica-eu

Prioridade é o tema. Prioridade é a palavra lema de 2021, o que aprendemos junto com tantas outras coisas. Prioridade e resiliência. Reformulação, ressureição, morte de novo, respiro, arte, alívio, por poucos instantes me distraio, nunca me traio, fora genocida, mas vamos para o próximo episódio??

Prioridade e amor. Amor e resiliência. Resiliência e esperança. Força e tempo de reconstruir mil vezes todos os pensamentos em constante e louca transformação. Tudo bem, respira fundo, uma colher de doce de leite?

Doce de leite, Eu e prioridades. Nossa casa, nosso amor em constante construção, porra mas quem comeu todo o doce de leite? Não tem problema, fui eu que comi. Juro, lavo todas as colherzinhas!

Escolha suas prioridades?!?

Cica-atriz

Querendo ou não carregamos as mesmas marcas; ser mulher, ser uma boa profissional, ser mulher parceira, e toda a construção em me transformar no que sou hoje. Uma mulher que sempre procurou seu espaço profissionalmente, socialmente. Quero aproveitar para dizer que sou míope demais para ser metida, mas vai explicar...! Deixa para lá. 

Fui desenhando minha realidade conforme posso. Não sou de fácil convivência e aceitação. Pareço distraída e egoísta, na verdade estou assimilando tudo quietinha, entendendo e transformando por dentro. Sempre me senti assim, um grande olho observador. Juro que não é de propósito, sou assim, sou isso, de canto, com tempo de sobra o que a gente faz? Pensa, reza, observa, entende, cresce, evolui, tenta ser melhor todo dia. E eu desde que cai nesse mundão eu tento ser uma pessoa melhor, cheia, cheia de defeitos, vaidades, silêncios, gritos perdidos, dores caladas.

Eu sempre tentei. Sempre me esforcei para falar pouco, ouvir mais e fui salvando tudo no meu HD até ele explodir, não cabe mais nada. 

Jovem demais para fazer uma mulher da própria idade, jovem de menos para fazer uma moça, uma mãe. Foda-se a aparência, que tipo de aparência tem uma mãe? Porque viver uma mãe precisa ser mãe? Para viver uma puta precisa ser puta?

Cica-autora

Desde que lancei meus pensamentos mais profundos fico aguardando o retorno dos meus leitores, poucas pessoas pararam o dia para me mandar uma mensagem positiva. Entendo que cada um tem seu tempo, uns vão gostar, outros NÃO.

O silêncio pode ser cruel, a espera mais ainda. Caceta se minha mãe se assustou com minhas linhas é porque sou boa mesmo, isso, convenci ela sobre o que eu criei, descobri meu talento. É que eu não queria convencer ela de nada, só de que sou boa em alguma coisa. Engraçado tudo gira em torno disso, de que nossos pais nos aceitem. Porque parece que depende disso a gente se sentir a vontade de sermos quem somos. Louco né? Confuso e enraizado demais.

Uma falou; de onde ela tirou tanta coisa?? A outra me disse; mas pode ser outra pessoa... Não desvirtua, meu livro eu que escrevi, sou eu ou como EU vejo o mundo em cada linha, em cada ponto ou vírgula.

Como atriz eu nunca precisei viver exatamente o que criei, como atriz sempre exercitei a construção de personagens, E SE eu fosse moradora de rua, como EU seria? Qual seria o meu cheiro? Se fosse mãe, como olharia para meus filhos? Se fosse puta como aceitaria meu corpo, se fosse freira qual seria meu objeto de desejo, o que estarei pensando quando soltar aquela máxima horrorosa que não cabe na minha boca e não posso fugir? Ahh para viver isso tudo, muito monólogo interno para construir uma emoção que chega sincera aquela frase que não me cabe julgar. Aliás não me cabe julgar a ninguém, apenas a entender e tentar recriar uma realidade que pode ser distante da verdade, da sua verdade que é diferente da minha, e de cada um, ninguém é igual a ninguém, e isso é a maravilha de se viver. Quando coloco uma lupa eu percebo que mesmo nas nossas imensas diferenças somos todos muito iguais em nossos medos e sonhos!

Quando penso em quem eu sou, como sou, o que carrego, o que propago, penso que sou reflexo de um momento, de uma sociedade, de um todo, que me destaco para mostrar como vivemos nessa determinada época, que vai virar passado, que um dia será um passado estranho e remoto.

Cica-Frank apenas juntando meus pedaços para me transformar numa pessoa inteira, completa. Quem foi você, quem é você, quem será você daqui dez anos, o que vamos fazer quando tudo isso acabar??

O que será?

Mas veja!? Uma mulher não deve escrever, ainda mais de seus sentimentos mais íntimos, mesmo que passados há tempos, mesmo que linhas antigas, uma mulher não deve se expor, isso é inaceitável entre os varões! Como uma mulher branca pode declarar seu amor, seu desejo assim sem auto-crítica, sem o menor pudor, ai que horror dessa mulher, distanciamento e silêncio. É o que ela merece. Tudo para que a dita cuja, mulher, que fala, que sente, que se expressa, tudo para que ela continue calada. Assim é muito melhor. Calada. 

Cica-casada

Nem todos os homens/varões pensam assim, o meu, tenha certeza que não! O meu ama meu ímpeto masculino de me fazer mulher felina, ele ama. Mas não é aceitável mulher falar de amor, de desejo, de tesão. Isso é coisa deles, não é mesmo, confessa que você pensa assim. Felizmente eu não! Acha ruim, se incomoda, te machuca, o problema é seu! Lide com isso!

Nós mulheres "machos" queremos escrever nossas histórias, a nossa visão, nossa liberdade e conviva com isso: nosso olhar carregado de crítica, julgamento sobre o mundo, sobre as relações, sobre vocês homens. Aceitem. Nós sempre tivemos que aceitar. Nós também podemos ter a nossa opinião.

E aqui em casa o cafezinho dele é muito melhor que o meu! É, trabalhamos sempre na parceria! 

<3 

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