Era um verão daqueles.., antes de
sairmos rumo ao Parque Nacional Yosemite, dei minha última olhada. Ele estava
descansando, com o olhar perdido, nem notou minha presença. Deixamos tudo que
ele precisaria e no seu alcance.
Partimos, o ano era 2013, um ano
agitado, estava em agosto e tudo já tinha acontecido ou quase tudo, filmei um
seriado, enterrei meu Baba e deixei-o no meu armário, num lugar privilegiado, na
prateleira lá em cima junto com as malhas. Vista!
Distanciei de tudo e parti para o
sonho de conhecer Los Angeles, Califórnia! Livre! Sem planos, sem ansiedade. Logo que cheguei fui apresentada
a Átila, ainda descabelada da viagem com bolsas na mão. Lembro bem do jeito
desaprovador do meu anfitrião, mas pensei que era ciúmes! Minha amiga se
desdobrando em manter tudo perfeito para Átila.
Os dias correram e aos poucos fui entendendo a rotina da casa, o
clima diferente o calor do deserto durante o dia e o vento gelado a noite. Retomando a viagem, estávamos há
cinco horas na estrada, ela daquele tamanhico dirigindo um furgão, sempre foi
assim metida! Chegamos no Parque no limite do tempo. Já
tínhamos reservado nosso chalé, dentro das possiblidades havia umas 5 opções do
mais roots à suíte. Mas queríamos aventura e pegamos o do meio do caminho. O
chalé com “varanda”, quarto com dois beliches. O banheiro era fora e comunitário
do camping do Parque. Eu adoro essa vibe, que a gente vai junto risandinho para
o banheiro cheio de chuveiros, de havaianas, frasqueira, toalha e a roupa de troca. Me remete diretamente a minha infância.
No chalé do lado de fora um
armário de ferro enorme e verde escuro fechado com cadeado. O parque tem muitos ursos e o monitor nos
explicou que até os cosméticos tinham que ficar nesse armário do lado de fora, um
tal de creme com cheiro de vanilla, chocolate ou morango com champagne que eles amam..., tudo guardado no armário pesado de ferro
fechado com cadeado. Caraio, me senti
dentro do desenho do Zé Colméia!
A estrutura da cabana era de
toras de madeira e as paredes uma lona grossa, a porta de lona fechada por 3
amarrações, não me parecia que nos separaria de um urso faminto, apesar da Mari
estar munida de todo armamento frio para nos proteger. Dormímos umas quatro
noites com um olho aberto e outro fechado. Nunca nenhum urso passou nem por
perto. Nada como o cheiro sanguinolento do bafo da onça a noite em cima da cachoeira da Fumaça na Chapada Diamantina, ou os lobos guarás de Ibitipoca que furtavam de
cigarritos a barra de cereal, real, um pouco mais roots!
Passamos uns quatro dias nesse
paraiso, mil trilhas, cachoeiras, piscinas naturais e seguimos para São
Francisco, preciso voltar mil vezes para esse lugar, incrívellllll!!!! Compras, passeios, clicks, hotel,
museus, almoços, king crab, lagosta, mala, estrada, casa!
Assim que chegamos escutei:
_Estou sem coragem de ver Átila, estou com uns pressentimentos..., Cicão vai lá dar uma olhada?
Fui na ponta do pé ver Átila, ele
estava lá ótimo, já me lançou aquele olhar. Gritei:
_Pode vir, ele está vivo! Está
aqui tranquilo, tomando Sol. Ela chegou, deu uma olhada, achou que ele estava
meio tortinho, talvez seja a posição que ele sentou, mas está vivo e isso que
realmente interessa.
Desfazer malas, máquina de lavar,
máquina de secar, almoço, louça, descanso.., ai que Sol forte, vou dar uma olhada
no Átila. O Sol estava torrando as perninhas finas de Átila, sem muito pensar passei
a mão no spray para refrescá-lo, na terceira borrifada notei uma espuma na
tela, estranhei o efeito e ele meio retesado. Estranhei mais, ele sempre se
estica para melhor refrescá-lo. Borrifei mais, e ele recuou mais. Borrifei mais uma vez com suavidade. Olhei o spray
e na minha mão estava o super veja mix -orgânico- de tudo para tirar
craca de qualquer coisa. Caraaaaaaaaaio, eu joguei 3 a 5 sprayzadas de “soda
cáustica” em Átila! e ele me olhando no fundo dos meus olhos se contraía em movimentos
desconexos! Descontínuos.
No mesmo instante que notei meu
engano já abri a torneira da pia, dessas de pia americana, que a torneira você
desencaixa e sai um chuveirinho duns cinco metros, que dá até para lavar
quintal. Em toda potência da torneira eu direcionei a água para Átila, que a
princípio aumentou a espuma, mas segui confiante, firme como um pudim, sabendo que o segundo momento era
lavar a espuma, o terceiro levar/zerar a espuma e depois o Sol para secar e a
minha amiga nem ia perceber a merda que eu fiz!
Mas nãoooo, Átila foi se
retesando, retesando, diminuindo, como uma aranha, olhando nos meus olhos, os
membros dele se fecharam, foi ai que percebi que era melhor eu avisar minha
amiga do que estava acontecendo.
_Mariiiiiiii eu matei o Átila!!
Eu matei o Átila. Eu matei o Átila! Ai meu Deus eu ma-tei o Átila! Ela,
descrédula:
_Calma Ci, é assim mesmo, parece
que ele deixou de desenvolver um dos lados..., por isso está assim, capenga
para um lado..! Como você ia matar Átila?
Fui tentando amenizar meu ato
para minha consciência, acreditando num sopro de vida, um movimento milimétrico, um sopro de esperança.., mas nãooo ele estava
torto e imóvel, sim eu havia matado Átila com requintes de crueldade, foram
umas cinco apertadas no gatilho com extremo prazer!
Quando ela se deu conta, seguimos
com o funeral e o enterro, sem muitas palavras, só a sensação que a amigue veio
do Brasil fazer uma visita para matar a saudade e jogou spray de soda cáustica
na cara dele...!
Isso foi em
2013 mas nunca esqueço de Átila e a praga que ele me jogou. Quem disse que naquele
momento olhando no fundo dos meus olhos enquanto dava seu último suspiro, ele não
estava pensando; eu vou me vingar, pode esperar...., já consigo escutar o fundo
musical Pet Sematary do Ramones.
Daí mistura com minhas crenças malucas e tenho certeza que aquela formiguinha -graúda- e bunduda que um dia entrou no meu closet, eu ia dar aquela chinelada e me segurei...., vai que é a reencarnação do Cacau, ou da Mel ou do Billy..., não posso acabar com a oportunidade deles voltarem...., e deixei a formiguinha à vontade passeando pelo meu closet.
Dias depois
estou em casa com uma calça pantalona de jeans pesado, cintura alta, 5 metros
de tecido quando sinto uma picada ardida. Arranco a calça pelo pescoço!
Pô, não chinelei
a formiga achando que poderia ser o CacauZuzu vindo me abençoar, mas nãoooo era
Átila e sua vingança maligna! Ainda bem que estava em casa, se não ficaria de
calcinha em qualquer outro lugar, no metrô, na rua, no super......! Afff,
desculpe a mamay Zuzu, mas se aparecer outra formiga, aranha eu vou chinelar sem
dó! Se quiser me rever melhor escolher joaninha -vermelha-, borboleta, tatu-bola,
tartaruguinhas no mar, passarinho qualquer um..!
Antes de
colocar as lembranças no papel resolvi ler um pouco sobre o Átila, lembro bem
de Jorge
desaprovar totalmente a presença de Átila em sua casa.
1) Eles podem comer beija-flores – tanto sofrimento da minha parte e descubro
que ele come até beija-flor!!!
Além de se alimentarem de
outros insetos, anfíbios e até répteis, os louva-a-deus têm o costume de comer
pássaros de pequeno porte — o que inclui os belos e indefesos beija-flores. Até
o ano passado, existiam poucos indícios dessa dieta incomum; porém, uma
pesquisa publicada no The Wilson Journal of Ornithology mostrou que tal
comportamento é comum dentre várias espécies de louva-a-deus ao redor do mundo.
Foram documentados pelo menos 150 casos.
2) Eles podem aprender a
pescar e até
fazer um sushizinho!
Mostrando que variedade
pouca é bobagem, os louva-a-deus também são capazes de comer pequenos peixes.
Em outro estudo publicado no Journal of Orthoptera Research, cientistas
tentaram descobrir se era possível ensinar tal inseto a pescar, colocando um
exemplar macho adulto em um lago repleto de plantas aquáticas e cheio de
barrigudinhos — aqueles peixinhos ornamentais que muita gente tem no aquário.
O resultado foi incrível:
o louva-a-deus aprendeu rapidamente a se mover pelas plantas e usar suas
“garras” para apanhar os peixes quando eles se aproximavam e os ingerir. Os
pesquisadores pontuam que, como os barrigudinhos não se movimentam como
qualquer outra presa a que o louva-a-deus esteja acostumado, essa descoberta
prova que eles são capazes de aprender novas técnicas complexas.
3) Eles são parentes das baratas -ahhhhhhhhh PQP isso eu não contava!!! Achava
que pelo nome era algo Bíblico, sagrado!
Bom, isso pode não soar como
uma novidade para você — afinal, basta observar os dois bichinhos para perceber
alguma semelhança entre eles. Porém, as coisas não são tão simples assim na
comunidade científica, e esse parentesco só foi oficializado recentemente,
quando uma análise molecular provou tal relacionamento e colocou os dois
insetos na superordem Dictyoptera — junto com os isópteros.
4) Seus corpos evoluíram para caçar -Átilaaaa seu filhote de cruz credo!!!
Não adianta: louva-a-deus são
assassinos por natureza e ponto-final. Foi cientificamente comprovado que seus
corpos evoluíram ao longo dos anos para que eles se tornassem os melhores caçadores
da área. Isso explica, por exemplo, por que eles são capazes de girar a cabeça
em 180 graus, observando se existe alguma presa ou predador em suas costas. Seu
tórax alongado e as pernas flexíveis também auxiliam na caçada.
E, é óbvio, não poderíamos
deixar de citar as suas patas posteriores, repletas de minúsculas espinhas que
os ajudam a capturar seu alimento e manuseá-lo durante a refeição.
5) Eles só têm um ouvido -interessante, no meio das pernas...!
E, acredite ou não, o tímpano
está localizado bem no meio de suas pernas. Bi-za-rro.
6) Eles são violentos até no sexo -Matei, matei e MATO DE NOVO!!!!!!!!!!!!!!!
Quase todo mundo sabe que,
durante o ato sexual, é comum que a fêmea acabe decepando a cabeça do
macho; porém, até o momento, ninguém consegue dizer com exatidão o motivo desse
fenômeno. Alguns cientistas acreditam que, na verdade, o que ocorre é um
sacrifício voluntário para que a futura mamãe tenha nutrientes suficientes para
a sua gestação — garantindo, assim, a saúde dos ovos e a continuidade de seus
genes.