Crônicas, Contos, Pensamentos, Poesias e Teatro

Contos, Crônicas, Poesias e Teatro
Pensamentos e Reflexões

segunda-feira, 24 de junho de 2019

Meninas e Meninos

Na minha casa minha mãe sempre foi o Sol, independente, linda e bem sucedida na carreira de procuradora do Estado que ingressou por concurso público, em 1978 já com seus três filhos.
Assim como minhas duas avós, a materna foi professora e a paterna se formou na primeira turma feminina de contabilidade. Minha bisavó materna foi oficial do cartório de registro civil de Pindorama, o cartório era do seu marido, mas isso não diminui o prestígio de seu trabalho, ela se aposentou aos 70 anos de idade na Secretaria de Estado da Justiça do Estado de São Paulo.
Mulheres absolutamente donas de suas vidas.
Bom, esse conceito de feminismo ou machismo nunca foi discutido em casa. Na minha concepção mais uterina sou fruto dessas mulheres e tenho no meu DNA esse traço forte de liberdade, independência que só fui perceber quando dividi minha vida com um homem.
Olhando pelo universo masculino devo ser a pior espécie de mulher, porque eu nunca percebi essa diferença entre homens e mulheres, além da anatomia.
Em casa o Baba e a Mutch tinham o mesmo peso. Os dois trabalhavam, os dois foram provedores e no final das contas minha mãe que dava a última palavra. Isso em nada incomodava meu pai, muito pelo contrário era claro como ele se orgulhava da mulher que tinha! E com esses exemplos formei meu caráter.
Dentro desse ambiente sem tanto contraste entre o feminino e o masculino, eu cresci. Cheguei na idade de namorar e cada tolhida que eu recebia de algum namorado, sempre estava meu pai por perto para me lembrar que ninguém manda em mim, que eu jamais vou fazer o que eu não estiver afim, me ensinou a dizer não, chega ou não quero mais e se precisar um bom empurrão! Ele me ensinou que posso escolher.
Lembro da época das festas de bailinho, meio para o fim da década de 80, as meninas ficavam sentadas de um lado e os meninos do outro, as mais populares dançavam a festa inteira. Eu sempre fui das primeiras a “ser tirada para dançar’’ e apoiada em algum ombro rodando lentamente pelo salão eu sem querer observava as meninas que passavam a festa sentadas esperando alguém para dançar e no final iam embora chorando. Eu não entendia porque elas simplesmente não levantavam e tiravam o menino que estavam interessadas? Porquê esperar?
Tive a sorte de nascer de uma família Matriarcal, sorte e azar, Matriarcal porque meu avô juiz teve um infarte fulminante em 1976, quando eu tinha um ano de idade e minha vó com pulso firme seguiu comandando a família. 
Mas quero mesmo é falar do meu PAI, que homem maravilhoso que ele foi. Era o primeiro e mais fervoroso incentivador da minha mãe. Ele era diferente de todos os pais. Lembro que ia me buscar nos bailinhos e aceitava dar carona e encher seu Ford Landau com destinos absolutamente opostos, centro, Lapa, Vila Mariana...., ele não estava nem ai, ia fazendo a maior bagunça. E lembro muito de ele perguntar -sempre- se “fiquei” com o menino que eu gostava. Esse era meu pai, sempre quis que eu fosse quem eu sou e não o que a sociedade espera.
E assim foi me orientando.., se me toliam, me seguravam, eu escapava, ele me ensinou a saber exatamente o que não quero e diferente da grande maioria de pais, o conselho era sempre; pula fora filha! Ele me ensinou também a fazer tabelinha, um círculo em vermelho nos dias, no seu diário, assim mesmo sem esticar muito o assunto. Hoje percebo que ele era um pouco ciumento. Casei depois que ele desencarnou! ehehheheheheh
Meus pais, minha criação e exemplos que tive são responsáveis pela FEMINISE que sou! Sem esquecer a GALINHA que fui, porque mulher que troca muito de namorado era galinha! Mas na minha casa tinha outro nome; AMOR PRÓPRIO!
Atrás de uma galinha ou feminista acredite tem um grande pai -inovador-, moderno, a frente, genial que acreditou que sua menina poderia ter todas as possibilidades como qualquer menino.
Pensem nisso!



segunda-feira, 17 de junho de 2019

Eu sobrevivi e estou aqui!

Tudo que está aqui é real, não vou citar nomes.

Dezembro do ano passado fez 10 anos que minha vida mudou.
Nunca tive muitas amigas, mas as poucas que tenho estão comigo até hoje, me orgulho disso e levo a sério.
Dezembro de 2008 estava dirigindo nos Jardins quando recebi uma ligação, atendi era a irmã da minha melhor amiga.
-Cicão?
-Oieeeê
-O que você está fazendo?
-Dirigindo
-Você pode encostar o carro??
-Pronto fala!
Silêncio......; - a XXXXXX morreu!
___________________________________________________________________________

Dezembro a vida vira uma festa, estava perto do aniversário de 60 anos da minha mãe, perto do Natal. Um ano terrível que muitas coisas aconteceram, perdi minha prima irmã, minha afilhada e minha gatinha, tudo num intervalo de poucos meses!
Dez anos para tomar coragem e falar sobre o que aconteceu.
Voltando, era dezembro minha melhor amiga tinha vindo de longe, do outro lado do mundo com seu marido e um casal de filhos, para finalmente morar no Brasil, Sampa, perto de casa, isso estava me causando muita euforia, desde que saiu da faculdade ela foi viajar pelo mundo e nunca mais voltou, só de passagem, mas dessa vez estavam aqui para ficar!
Mudaram para um belo apartamento muito perto de casa, deixaram tudo lá e foram para a Bahia, eu lembro que não gostei nada dessa ideia, porque mal tinham chegado, consegui ver a pequena deitada em sua nova cama, ela já não mais tão pequena, 3 anos e 11 meses! Foram para Bahia para passar dez dias e voltar para o aniversário de 4 anos dela, eu já estava com meu convite em mãos, primeiro aniversário no Brasil com direito a Buffet e tudo mais. Esse convite ainda tenho, nunca pude usar.
Difícil falar sobre isso, nem cheguei no ponto da questão e já estou soluçando, segurando a toalha de rosto.
A minha afilhada foi violentada e morta uma semana antes de completar quatro anos pelo jardineiro da pousada que eles estavam hospedados, pousada de uma “amiga” nossa.
Não dá para explicar o que foi essa violência e o quanto mais foram agredidos. Eu preciso falar, não dá mais.
Desliguei meu celular sem entender nada. Não sabia o que fazer, não conseguia entender o que tinha acontecido.
.....
Pediram para eu ir até o apartamento deles para “esconder” tudo que tinha dela pela casa, abri a porta e dei de cara com um pé do tênis rosa.
Estou revivendo essa história porque cada dia mais aumenta a discussão sobre ESTUPRO e tudo que vem junto. Porque a vítima sempre é a primeira culpada? Seja pela roupa, por onde está, por quem anda, por quem é, por seus modos e nunca pelo infeliz que não soube se controlar!? Eu acho BIZARROOOO ter que escrever tudo isso, mas simmmmm eu preciso! QUANDO MINHA AFILHADA MORREU VIOLENTADA, ASFIXIADA E JOGADA NUM MANGUE A SOCIEDADE BRASILEIRA CONDENOU A MÃE, a culpa foi da mãe que não estava olhando, que não cuidou direito, que estava usando drogas.., tudo que você pode imaginar para destruir a imagem de uma mulher, nesse caso da minha melhor amiga, mãe zelosa que me orgulho tanto.  
Eu quero contar essa história, eu preciso!
Eles voltaram para São Paulo, com a pequena no caixão, o pai desconfiou que tinha algo muito estranho, mas a polícia baiana deu um laudo de afogamento. A rede record foi até a delegacia apurar o que aconteceu e o imbecíl do delegado ficou bem a vontade porque a câmera estava abaixada, mas não desligada; -isso acontece todo dia aqui! A culpa é da mãe que não estava olhando! E acredite isso foi reverberando até nas rodas paulistanas. Eu JURO que ouvi até da minha colega do teatro e seu marido que essa história é muita estranha e mal contada! Sempre acompanhava um relato de alguém conhecido falando alguma coisa pejorativa... Era só o que as pessoas conseguiam falar. Como eles estão, os avós, como você está? Nunca! Somente o julgamento....., tudo muito estranho e sempre com um distanciamento, mostrando o desconforto. Desculpe o desconforto foi nosso que vivemos isso! Não de vocês que não queriam nem saber o que aconteceu.
Estranha mãe, estranho pai, tia, madrinha, todo mundo estranho e a gente feliz! Sim não fomos acolhidos. Ali não foi embora só uma vida, mas muitos sonhos e esperanças, morreu a mãe que eu poderia ser.
O velório foi de mentira, porque suspeitávamos do crime então não podia enterrar.
A irmã de uma outra grande amiga nossa conseguiu mexer mundos e fundos e passamos a investigação para São Paulo, porque queríamos outro laudo, afogamento não era verossímel, ela sabia nadar. Ela conseguiu e no dia 15 de janeiro saiu o laudo da autópsia aqui de SP, nunca vou esquecer porque era meu aniversário. Ela não tinha morrido afogada, a gente sabia.
Uma tarde toca o telefone é uma delegada da Bahia, lembro exatamente do nome, mas estou em respeito a minha amiga, sem mencionar nomes, essa mulher maravilhosa, quis ajudar a minha amiga, se interou de tudo e começou a investigação. Os pais sempre souberam quem era o assassino, lembro da minha amiga ligando para a dona da pousada para dizer pelo amor de Deus, cuidado com as crianças, era férias!! Eu liguei para uma amiga que foi para lá, duas semanas após o assassinato para pedir para ela não ir com sua filhota e chegaram aos nossos ouvidos até que como peritos “brincaram’ de simular a cena do crime-!?!
A gente sabia e se preocupava com todas as crianças que estavam lá na pousada sob o olhar do assassino!
Carnaval chegou e os pais foram convocados para ir até a Bahia para depor, a delegada já tinha esquematizado todo o plano. Foram até a pousada, os hóspedes que estavam lá já tinham seguido viagem, ainda mais depois da tragédia, o que tirava pela metade a possiblidade de fazer justiça. A delegada convocou TODOS os funcionários a acompanharem na delegacia, a tal que era nossa amiga e proprietária da pousada NÃO queria liberar os funcionários e falou em alto e bom som, quem vai pagar a condução de volta deles? A menina foi afogada culpa da mãe que não estava de olho.
Entraram no carro minha amiga, o marido no banco do passageiro, a delegada separando o assassino da mãe sem a filha. Lembro da minha amiga falando, ele foi o caminho inteiro batucando com a mão a música que estava tocando no rádio e ela pensava..., não pode ser ele! Ele tem uma filha da idade dela!
Na delegacia o jardineiro depois de meia hora de contradição caiu de joelhos e confessou tudo com riqueza de detalhes. Direto para a cela, sem dinheiro para condução de volta para nunca mais!
Anos se passaram até o julgamento, a família já bem longe do Brasil voltou para o tribunal, eu não fui. Ele foi condenado, direto para o presídio e na primeira rebelião fazia parte da lista dos que foram queimados com o colchão. Alívio?? Não! Não teve alívio para ninguém.
Mas justiça foi feita nossa pequena não foi em vão, o demônio confessou diversos casos, minha amiga foi uma heroína que tirou esse sujeito da rua, o resto são as escolhas dele.
Já minha amiga, sua família, eu, não tivemos escolha, apoio, carinho. Fomos isolados porque o clima estava PESADO, e estava mesmo, o meu namorado da época não me acompanhou no velório..., muito pesado.
Percebi como as pessoas podem ser egoístas e algumas cruéis.
A vida seguiu, minha amiga engravidou de novo e quase todos os dias passava a tarde em casa, primeiro ela e a barriga e depois ela e a bebê. A gente se apoiou muito, chorava, ria, se revoltava e continuava! Quase que isoladas.
Um dia TIVE que voltar para aquele lugar, esse lugar foi um dia o meu Paraíso; Trancoso conheci levada pelo meu tio, médico que se formou na USP e na viagem de formatura conheceu uma bela baiana e por ali ficou, não ficou muito porque também foi assassinado lá. No Paraíso sem Lei. Pausa,







mas lá estava eu, Páscoa, caraaca, Páscoa, perdão, igreja..., fui lá encomendar uma missa, me direcionaram para uma senhora que morava do lado da casa em que eu estava hospedada. Por acaso era a ex babá do meu anfitrião.
Fomos muito bem recebidos com cafezinho adoçado com açúcar cristal e bolo de aipim. Falei para ela que gostaria que rezassem pelos meus na missa no domingo de Páscoa e ela levantou para pegar um caderninho para eu escrever o nome. Eram os nomes, meu tio, minha prima e minha afilhada, TODOS os três desencarnaram lá. Todos meus. Quando ela leu os nomes perdeu a cor. Você conheceu o Dr Pérsio? Eu respondi feliz e efusiva, simmm meu querido tio. -Essa menina aqui brincava aqui em casa com meus netos e esse moço que prenderam é inocente e meu sobrinho. Ele confessou mas para ela era inocente, eles são daquela religião que a culpa é do Satanás que encostou e não do próprio assassino. Por essa e outras não simpatizo com evangélicos!
Domingo de Pascoa chegou, acordei às seis da manhã, tomei banho e vesti um vestido branco e alvo, guardado para isso. Fui sozinha assistir a missa toda, como era uma data especial estava padre, bispo e arcebispo, como uma carola vivi a Missa toda esperando escutar a homenagem aos meus mortos, a missa acabou, ninguém falou nada, vários, vários nomes, e não os meus, porquê?? Fiquei sentada sem reação até esvaziar a igrejinha. Após a missa tinha um café da manhã comunitário e caminhei para lá, na verdade era o meu caminho, mas dei de cara com os 3 sacerdotes, e fui como paulistana desenrolada que sou perguntar para eles porque ignoraram meus pedidos de prece, para três pessoas que deixaram suas vidas naquele local.
Se entreolharam, não me responderam e com um olhar desaprovador o mais novo, o Padre encostou a mão no meu peito e me empurrou!! Pedindo para eu me afastar. Essa é a imagem que eu tenho da MARAVILHOSA IGREJINHA QUE TODO MUNDO TIRA UMA BELA FOTO! Fake como a era em que estamos vivendo!
Vivemos num pais que a mulher sempre é subjulgada, e o pior pelas próprias mulheres. Hoje eu tenho no máximo cinco amigas, as que conseguem se posicionar, odeio covardia, odeio machismo, nossa sociedade é ridícula e não acolhe as mulheres vítimas. Infelizmente lembro de tudo de cada comentário desconstrutivo, de cada julgamento. E lembrarei eternamente de quem foi forte e soube segurar o tranco do nosso lado!
A vida tem muitos momentos difíceis e o que aprendi que para você conseguir evoluir tem que viver e olhar de verdade para aquilo, não adianta disfarçar, fugir, evitar. Eu estou aqui e vivi esse tormento, sobrevivi, perdi muitas pessoas e oportunidades mas entendo HOJE que era só uma limpeza para eu enxergar melhor o meu caminho! 


quarta-feira, 5 de junho de 2019

Oiê??

2019 ano ímpar! #amooo
Começou cheio de vontades, a mais forte delas eu retomar minha vida profissional.
Na verdade comecei essa volta faz mais de um ano, quando me vi desanimada, sem objetivos, sentindo que passou minha hora. Bom eu não estava tão velha, 43 anos, velha para muitas coisas mas não para atuar, não tem idade..., ufa! Meu primeiro passo foi voltar a me olhar, entender onde me perdi e começar a montar o quebra cabeça. Encararei de frente os 11 kilos que ganhei e não faziam parte do pacote, assumo que tenho problemas, só consigo me amar dentro do padrão que eu estipulei na minha cabeça lá atrás. Bom sabendo disso comecei a dieta, sou nutricionista e usei tudo que minha vó ensinou...! Não tem segredo emagrecer, precisa querer de verdade.
Outro ponto importante era retomar minhas atividades físicas, que parei em 2015 quando mudei de casa. Endorfina é mais importante que ter o corpo bonito.
Três anos sem atividades e acima do peso ficou difícil me sentir segura para convencer Castings, até filmei duas, três publicidades mas detestei o que vi na tela, me achei redonda e com o cabelo alaranjado. Ai fudeu! Parei tudo mesmo, marquei um ortopedista e dei finalmente o start que faltava para dieta e voltar a me amar. Aproveitei e parei de pintar o cabelo também. Detesto tinta! 
Consulta, ressonância, médico, três hérnias cervicais, um bico de papagaio, seis meses de fisioterapia e adeus a exercícios físicos.
Inconformada, novo especialista em cervicais, eu mais confiante e o médico mais sério me deu alta dizendo que minha coluna é de uma menina de trinta anos. (!?) Mais três meses de fisio para fortalecer os músculos mais profundos e vida normal com direito a bungee jump! Instituto Osmar de Oliveira, faço questão de nomear, gostei muito. Viva a vida! Vida nova!
Com alta depois de nove meses de fisioterapia, retomei a academia em casa, esteira e prancha todo dia, comecei com vinte minutos e agora estou em 5K em 45 minutos quase todos os dias. Emagreci os 11 kilos, num estalar de dedos. Voltei a ser exatamente como sempre fui, na verdade bem melhor, pronta para tudo, inteira. De novo: BASTA QUERER! Querer de verdade, com força e sinceridade.
Pronto a vida organizada, minha casa do jeito que eu sempre sonhei, meu marido lindo em total harmonia com quem eu sou, eu em harmonia comigo, parei de pensar só nos outros e comecei a pensar um pouco mais em mim. Nesse momento estava procurando casa de Show para um espetáculo de Flamenco, participando de editais para o show de Flamenco e no meio de uma ligação, percebi de novo que estava fazendo para os outros. Foi um bom retorno. Desliguei o telefone, e comecei a pensar e se eu me vendesse como vendo até faca sem fio para os outros?
A partir dai, pedi uma reunião com as minhas agentes, trabalho faz 15 anos na mesma agência, adoro elas e precisava de meia hora de atenção. Depois de umas duas semanas conseguimos marcar um horário, uma segunda-feira, 29 de abril, lá estava eu, nerrrrrrvosa porque sou uma negação para falar de mim, posso ter um milhão de adjetivos para você desconhecido, mas não consigo dizer um elogio sobre mim.
Arrumada no meu melhor estilo (tênis) munida com folders de peças, trailer do seriado, prancheta com todos os tópicos da reunião. Apesar dos 15 anos trabalhando juntas é uma agência que deve ter milhares de atores eu sou só mais uma. (Será que eu vou ser sempre só mais uma?)
Sentei na frente das duas, adoro elas, e comecei; estamos juntas faz 15 anos, já sei fazer tudo; chego antes do horário, decoro o texto, não derrubo o cenário, não fico nervosa, não fico corada, já sei quem é quem, sei o que preciso fazer, sei esperar, respirar, me controlar, me sinto pronta, mas tudo isso para Publicidade? Para o ação e corta num intervalo de cinco minutos?
Eu sou e sempre fui louca por dramaturgia, escrevo, amo contar histórias, posso passar horas rindo sozinha, organizando como contar de uma forma mais legal, e mais legal..., e em quinze anos fui indicada para dois ou três testes do que hoje chamamos de conteúdo. É isso, fui lá para dizer que quero, preciso tentar conteúdo, isso tem um real sentido na minha vida, a publicidade me trouxe muita coisa, experiência até do que não fazer, cachês maravilhosos mas agora tive que dizer adeus e começar uma nova fase.
Voltei para casa cheia de esperanças e tarefas, para tentar conteúdo eu preciso de material de conteúdo. Fiz um sitcom em 2013, no ano que me casei e não mexi muito com isso, casar, comprar casa, separar, casar de novo com o mesmo, reformar a casa, tudo isso tomou meu tempo. Mas eu tinha o seriado de 13 episódios cheio de cenas minhas, precisava organizar os vinte minutos de cena em um Reel de 1 minuto, com apresentação, cinema e teatro. Passei vinte dias fazendo, acordando e dormindo abraçada com o computador. Antes disso queimaram dois hds do meu macbook, mas deu tudo certo e aprendi a usar o Final Cut, entreguei para minhas agentes meu Reel, estou colocando o que fiz e a versão que o Mau fez.


Versão do Mau



Merda para nós todos!! Evoé!!

OBS: como atriz uso o nome CICA AGUIRRE, estou no Elenco Digital, Nossa Senhora do Casting e IMDB.