Assim como minhas duas avós, a materna foi professora e a paterna se
formou na primeira turma feminina de contabilidade. Minha bisavó materna foi oficial do cartório de registro
civil de Pindorama, o cartório era do seu marido, mas isso não diminui o
prestígio de seu trabalho, ela se aposentou aos 70 anos de idade na Secretaria
de Estado da Justiça do Estado de São Paulo.
Mulheres absolutamente donas de suas vidas.
Bom, esse conceito de feminismo ou machismo nunca foi discutido em casa. Na
minha concepção mais uterina sou fruto dessas mulheres e tenho no meu DNA esse
traço forte de liberdade, independência que só fui perceber quando dividi minha vida com um
homem.
Olhando pelo universo masculino devo ser a pior espécie de mulher,
porque eu nunca percebi essa diferença entre homens e mulheres, além da
anatomia.
Em casa o Baba e a Mutch tinham o mesmo peso. Os dois trabalhavam, os
dois foram provedores e no final das contas minha mãe que dava a última
palavra. Isso em nada incomodava meu pai, muito pelo contrário era claro como
ele se orgulhava da mulher que tinha! E com esses exemplos formei meu caráter.
Dentro desse ambiente sem tanto contraste entre o feminino e o masculino,
eu cresci. Cheguei na idade de namorar e cada tolhida que eu recebia de algum
namorado, sempre estava meu pai por perto para me lembrar que ninguém manda em
mim, que eu jamais vou fazer o que eu não estiver afim, me ensinou a dizer não,
chega ou não quero mais e se precisar um bom empurrão! Ele me ensinou que posso escolher.
Lembro da época das festas de bailinho, meio para o fim da década de 80,
as meninas ficavam sentadas de um lado e os meninos do outro, as mais populares
dançavam a festa inteira. Eu sempre fui das primeiras a “ser tirada para dançar’’
e apoiada em algum ombro rodando lentamente pelo salão eu sem querer observava as meninas
que passavam a festa sentadas esperando alguém para dançar e no final iam
embora chorando. Eu não entendia porque elas simplesmente não levantavam e
tiravam o menino que estavam interessadas? Porquê esperar?
Tive a sorte de nascer de uma família Matriarcal, sorte e azar,
Matriarcal porque meu avô juiz teve um infarte fulminante em 1976, quando eu tinha um ano de idade
e minha vó com pulso firme seguiu comandando a família.
Mas quero mesmo é falar
do meu PAI, que homem maravilhoso que ele foi. Era o primeiro e mais fervoroso
incentivador da minha mãe. Ele era diferente de todos os pais. Lembro que ia me
buscar nos bailinhos e aceitava dar carona e encher seu Ford Landau com destinos
absolutamente opostos, centro, Lapa, Vila Mariana...., ele não estava nem ai,
ia fazendo a maior bagunça. E lembro muito de ele perguntar -sempre- se “fiquei”
com o menino que eu gostava. Esse era meu pai, sempre quis que eu fosse quem eu
sou e não o que a sociedade espera.
E assim foi me orientando.., se me
toliam, me seguravam, eu escapava, ele me ensinou a saber exatamente o que não
quero e diferente da grande maioria de pais, o conselho era sempre; pula fora
filha! Ele me ensinou também a fazer tabelinha, um círculo em vermelho nos dias, no seu diário, assim mesmo sem esticar muito o assunto. Hoje percebo que ele era um pouco ciumento. Casei depois que ele
desencarnou! ehehheheheheh
Meus pais, minha criação e exemplos que tive são responsáveis pela FEMINISE que sou! Sem esquecer a GALINHA que fui, porque
mulher que troca muito de namorado era galinha! Mas na minha casa tinha outro
nome; AMOR PRÓPRIO!
Atrás de uma galinha ou feminista acredite tem um grande pai
-inovador-, moderno, a frente, genial que acreditou que sua menina poderia ter todas
as possibilidades como qualquer menino.
Pensem nisso!
Me vi completamente representada! Meu pai é assim..e eu o amo demais por isso! Galinha e feminista...tamo junto😂.bora lá q a luta é diária!
ResponderExcluir<3 Afff vi hoje seu comentário!
ResponderExcluirFico feliz demais pela sua visita e tamo junto!!!
Viva nossos pais, que se reinventaram diante de suas filhas!