Cica-eu
Prioridade é o tema. Prioridade é a palavra lema de 2021, o que aprendemos junto com tantas outras coisas. Prioridade e resiliência. Reformulação, ressureição, morte de novo, respiro, arte, alívio, por poucos instantes me distraio, nunca me traio, fora genocida, mas vamos para o próximo episódio??Prioridade e amor. Amor e resiliência. Resiliência e esperança. Força e tempo de reconstruir mil vezes todos os pensamentos em constante e louca transformação. Tudo bem, respira fundo, uma colher de doce de leite?
Doce de leite, Eu e prioridades. Nossa casa, nosso amor em constante construção, porra mas quem comeu todo o doce de leite? Não tem problema, fui eu que comi. Juro, lavo todas as colherzinhas!
Escolha suas prioridades?!?
Cica-atriz
Querendo ou não carregamos as mesmas marcas; ser mulher, ser uma boa profissional, ser mulher parceira, e toda a construção em me transformar no que sou hoje. Uma mulher que sempre procurou seu espaço
profissionalmente, socialmente. Quero aproveitar para dizer que sou míope
demais para ser metida, mas vai explicar...! Deixa para lá.
Fui desenhando
minha realidade conforme posso. Não sou de fácil convivência e aceitação.
Pareço distraída e egoísta, na verdade estou assimilando tudo quietinha,
entendendo e transformando por dentro. Sempre me senti assim, um grande olho
observador. Juro que não é de propósito, sou assim, sou isso, de canto, com
tempo de sobra o que a gente faz? Pensa, reza, observa, entende, cresce,
evolui, tenta ser melhor todo dia. E eu desde que cai nesse mundão eu tento ser
uma pessoa melhor, cheia, cheia de defeitos, vaidades, silêncios, gritos
perdidos, dores caladas.
Eu sempre tentei. Sempre me esforcei para falar
pouco, ouvir mais e fui salvando tudo no meu HD até ele explodir, não cabe mais
nada.
Jovem demais para fazer uma mulher da própria
idade, jovem de menos para fazer uma moça, uma mãe. Foda-se a aparência, que
tipo de aparência tem uma mãe? Porque viver uma mãe precisa ser mãe? Para viver
uma puta precisa ser puta?
Cica-autora
Desde que lancei meus pensamentos mais
profundos fico aguardando o retorno dos meus leitores, poucas pessoas pararam o
dia para me mandar uma mensagem positiva. Entendo que cada um tem seu tempo,
uns vão gostar, outros NÃO.
O silêncio pode ser cruel, a espera mais ainda.
Caceta se minha mãe se assustou com minhas linhas é porque sou boa mesmo, isso,
convenci ela sobre o que eu criei, descobri meu talento. É que eu não queria
convencer ela de nada, só de que sou boa em alguma coisa. Engraçado tudo gira
em torno disso, de que nossos pais nos aceitem. Porque parece que depende disso
a gente se sentir a vontade de sermos quem somos. Louco né? Confuso e enraizado demais.
Uma falou; de onde ela tirou tanta coisa?? A outra me disse; mas pode ser outra pessoa... Não
desvirtua, meu livro eu que escrevi, sou eu ou
como EU vejo o mundo em cada linha, em cada ponto ou vírgula.
Como atriz eu nunca precisei viver exatamente o
que criei, como atriz sempre exercitei a construção de personagens, E SE eu
fosse moradora de rua, como EU seria? Qual seria o meu cheiro? Se fosse mãe,
como olharia para meus filhos? Se fosse puta como aceitaria meu corpo, se fosse
freira qual seria meu objeto de desejo, o que estarei pensando quando soltar
aquela máxima horrorosa que não cabe na minha boca e não posso fugir? Ahh para viver
isso tudo, muito monólogo interno para construir uma emoção que chega sincera
aquela frase que não me cabe julgar. Aliás não me cabe julgar a ninguém, apenas
a entender e tentar recriar uma realidade que pode ser distante da verdade, da
sua verdade que é diferente da minha, e de cada um, ninguém é igual a ninguém,
e isso é a maravilha de se viver. Quando coloco uma lupa eu percebo que
mesmo nas nossas imensas diferenças somos todos muito iguais em nossos medos e sonhos!
Quando penso em quem eu sou, como sou, o que carrego, o que propago, penso que
sou reflexo de um momento, de uma sociedade, de um todo, que me destaco para mostrar como vivemos nessa determinada época, que vai virar
passado, que um dia será um passado estranho e remoto.
Cica-Frank apenas juntando meus pedaços para me
transformar numa pessoa inteira, completa. Quem foi você, quem é você, quem
será você daqui dez anos, o que vamos fazer quando tudo isso acabar??
O que será?
Mas veja!? Uma mulher não deve escrever, ainda mais de
seus sentimentos mais íntimos, mesmo que passados há tempos, mesmo que linhas
antigas, uma mulher não deve se expor, isso é inaceitável entre os varões! Como uma mulher branca pode
declarar seu amor, seu desejo assim sem auto-crítica, sem o menor pudor, ai que
horror dessa mulher, distanciamento e silêncio. É o que ela merece. Tudo para
que a dita cuja, mulher, que fala, que sente, que se expressa, tudo para que ela
continue calada. Assim é muito melhor. Calada.
Cica-casada
Nem todos os homens/varões pensam assim, o meu,
tenha certeza que não! O meu ama meu ímpeto masculino de me fazer mulher felina,
ele ama. Mas não é aceitável mulher falar de amor, de desejo, de tesão. Isso é
coisa deles, não é mesmo, confessa que você pensa assim. Felizmente eu não! Acha
ruim, se incomoda, te machuca, o problema é seu! Lide com isso!
Nós mulheres "machos" queremos escrever
nossas histórias, a nossa visão, nossa liberdade e conviva com isso: nosso
olhar carregado de crítica, julgamento sobre o mundo, sobre as relações, sobre vocês
homens. Aceitem. Nós sempre tivemos que aceitar. Nós também podemos ter a nossa
opinião.
E aqui em casa o cafezinho dele é muito melhor que o meu! É, trabalhamos sempre na parceria!
<3